ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E MUSICAL 5 DE MARÇO

Fundada em 05/03/1897 é uma instituição sem fins lucrativos considerada de Utilidade Pública Municipal Lei nº 724/2005 de 22/12/2005 e Utilidade Pública Estadual Lei nº 9996 de 10/01/2006 que mantém uma Escola de Musica com ensino gratuito e uma banda de musica formada por jovens na Cidade de Muritiba, no recôncavo baiano .
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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

CORETO - SIMBOLO MAIOR DE CULTURA MUSICAL

Coreto da Praça do Bonfim em Muritiba (BA)

Coreto da Praça Clementino Fraga em Muritiba (BA)
Não existe em nosso país,nenhum outro símbolo de cultura musical,que possa se igualar ao coreto.Que nos perdoem os acadêmicos,mas o coreto nos exibe traços mais largos com a arte das musas que o proscénio,porque ele é palco,ribalta,e platéia numa só dimensão.
Como dádiva das musas,o coreto não herdou apenas o diáulo de Euterpe.Herdou,também,a pena do Clio,e a rima de Erato,porque o coretoé,ao mesmo tempo,música,história e amor.E,para completar,a sua pláteia vibra e aplaude sob o manto de Urânia,porque tem os astros como teto.
O coreto que tanto se identifica com o musicólogo,com o historiador,com o poeta e com o político,merece,num todo,uma análise profunda do sociólogo,que deve senti-lo como força de expressão cultural e como ponto de encontro de homens e idéias.
Domingo:19:30 hs.Terminou a ladainha.O sino repica em festival.Rompem aos pés da praça os acordes de um tradicional dobrado.É a banda que marcha alegre para o coreto.O povo se agita.A meninada assanhada corre ao encontro dos metais,das palhetas e da percussão.A banda que chega,é o povo que canta.E o coreto que a recebe,é o estribilho da festa.Bendito coreto!Bendita platéia!O coreto não é apenas o centro catalizador.Ele é o motivo,também.Ao seu redor,o "vai" pertence às moças,e o "vem"aos rapazes.E o vai-e-vem,está em cadência brejeira de valsa,ou em pulsação vibrante do velho dobrado.Quem "vai"geralmente olha para quem "vem".E na troca de olhares nasce o amor.
Do vai-e-vem ao redor do coreto,aos degraus do altar,a distância é pequena.Finalmente,a Matriz está alí mesmo.Naturalmente,por isto,tantos casamentos.
- Lembra-se desta valsa?
- Lembro-me,claro.Na terceira volta do vai-e-vem,você "piscou" para mim.
- A banda era outra,mas a valsa é a mesma.
- E o coreto também.
A valsa é dos namorados.O dobrado é de todos.E ambos vivem no coreto.Nos bancos mais próximos do coreto são estampadas em letras firmes,a publicidade ingênua- "Gentileza do Rei dos Tecidos ".Ou posições sociais - "Oferta da Familia Ferreira".Esses bancos separam pequenas aléias que protegem os canteiros bordados de flores.Não foi,portanto,clamado por uma rima,que o poeta testemunhou,que o coreto é um palco perfumado,plantado nocoração do jardim.Por tradição e respeito,os bancos mais próximos do coreto,pertencem aos que chegam mais cedo.Ali o caboclo discute com o prefeito,o prefeito despacha,os compadres trocam perguntas,o médico receita,a professora ganha uma rosa,o advogado orienta,as matronas cochicham,o padre conforta,a cabocla sorri,o comerciante critica os novos impostos,o homem comum faz glosa, e a banda ataca um novo dobrado.Todos são iguais perante o coreto.
A Conservação dos coretos não é apenas uma questão de tradicionalismo.É também um fator de história.A sua importância não está apenas na imagem de suas linhas arquitetônicas.Ela é maior pelos resultados positivos de sua existência.A conservação dos coretos não é apenas uma questão histórica.É também,um fator de espiritualidade,porque o homem jamais esquece a fachada da sua igreja e o coreto do seu jardim.Há dois templos em todas as cidades.A Igreja e o coreto.Na Igreja o homem encontra-se com Deus através da oração.E no coreto,Deus encontra-se com ele através da música.
Autor: J.da Silva Vidal (publicado no Informativo Werial Ano 5 ,nº 26,Maio/Junho de 1982)

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